Pregado Por Charles Haddon Spurgeon - Publicado em 1916
... e dele não fizemos caso (Is 53.3)
Para alguns de nós não será fácil recordar a primeira vez em que ouvimos o nome de Jesus. Na tenra infância esse doce som era-nos tão familiar aos ouvidos quanto suaves as canções de ninar. Nossas recordações mais remotas associam-se à casa de Deus, ao altar da família, à Bíblia Sagrada, aos hinos sacros e à oração fervorosa.
Como pequenos Samuéis, éramos iluminados em nosso repouso pelas lâmpadas do santuário e despertados pelo som de um hino matinal. Muitas vezes um homem de Deus, recebido pela hospitalidade dos nossos pais, implorou uma bênção sobre nossas cabeças, desejando com toda sinceridade que pudéssemos cedo chamar o Redentor de bendito; e a essa petição ouvia-se um ardente "amém" de uma mãe. A nós pertencia uma feliz porção e uma herança boa; mesmo assim, "nasci na iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe", e esses privilégios não foram suficientes para nos dar o amor de Jesus e o perdão pelo seu sangue.
Freqüentemente somos levados a lamentar por pecados agravados pela luz clara como a do meio-dia — ordenanças subestimadas por sua própria freqüência — avisos desprezados, embora acompanhados de lágrimas paternais, e aversões sentidas no coração, se não expressas pelos lábios, para com as ricas bênçãos celestiais. Somos testemunhas, em pessoa, do fato de haver uma depravação inata, a praga de nascença deixada ao homem; e podemos testificar a doutrina de que a graça, e tão somente ela, pode mudar o coração. São nossas as palavras de Isaías com ênfase, apesar das influências santificadas que nos cercam; ao proferirmos a confissão: "...e dele não fizemos caso", os esconderijos de nossa infância, as companhias de nossa juventude e os pecados de nossa vida adulta unanimemente confirmam que falamos a verdade.
Iniciando, pois, com nossa própria experiência, somos levados a deduzir que aqueles a quem foram negadas nossas vantagens certamente serão compelidos a adotar a mesma linguagem humilde. Se o filho de pais consagrados, que pelo poder divino foi levado a conhecer o Senhor na juventude, se sente constrangido a reconhecer que houve um tempo em que não fez caso do Salvador, será que o homem que teve uma educação irreligiosa, uma infância tumultuada, uma juventude permissiva e uma maturidade criminosa poderá adotar uma linguagem menos humilhante? Não; acreditamos que todo homem nessas condições, que agora se encontra redimido das mãos do inimigo, reconhece prontamente que outrora negligenciou cegamente as belezas do nosso glorioso Emanuel. E mais: nos aventuramos a desafiar a "igreja do primogênito" a apresentar um único santo que não tenha passado adiante da cruz com indiferença, ou até com desdém.
Não importa se revistamos o "nobre exército de mártires", "a devota comunhão dos profetas", "o glorioso grupo dos apóstolos", ou "a santa igreja espalhada pelo mundo", não descobriremos sequer um amante do adorável Redentor que não participe da confissão coletiva: "...e dele não fizemos caso."
A você eu peço que faça uma pausa para se perguntar se você faz caso dele agora; pois pode suceder que até o presente você não tenha visto nele "nenhuma beleza que o agradasse", ou não tenha tomado para si a exclamação da esposa: "Sim, ele é totalmente desejável." Se você se encontra neste estado infeliz, uma meditação sobre isso, sob a influência do Espírito Santo, será de grande valia; e rogo-lhe que, enquanto revelamos os segredos do que outrora era nossa prisão, você anseie intensamente a libertação da escravidão que o priva de viver alegremente aqui e o afasta da felicidade no futuro. Para ler o texo completo acesse o site da rádio árvore da vida.
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