Os jovens
vivem hoje um contexto paradigmático: por um lado, a sociedade da informação, a
sociedade globalizada, iconizada na pessoa do jovem, é cada vez mais socialmente
consciente, atuando positivamente em favor da preservação ambiental, do
crescimento sustentável, dos regimes de igualdade, justiça e desenvolvimento
humano. Por outro lado, os mesmos mecanismos de socialização, os mesmos
instrumentos de comunicação que tornam o mundo globalizado criam pessoas isoladas. Não é preciso sair de sua
reclusão para comunicar-se, trabalhar, comprar, entreter-se. A defesa de
minorias acaba encerrando pessoas em grupos sectarizados. A mesma rede que
disponibiliza todas as informações faz com que o navegante nunca aprenda. O
mundo globalizado, a sociedade consumista, faz com que cada um tome sua direção,
viva como bem lhe parece, e tubo parece corromper-se cada vez mais.
Mas esse modo
de vida não é exclusividade dos tempos modernos. O livro dos Juízes termina com
uma frase marcante: “Naqueles dias, não havia rei em Israel; cada um fazia o que
achava mais reto” (Juízes 21:25). Após 400 anos, o povo de Israel havia
absorvido muito da cultura do Egito, o centro do desenvolvimento humano à
época. Ao sair do Egito, passaram 40 anos em peregrinação, anos em que tiveram
contato com vários povos do oriente médio. O livro de Josué nos conta, ainda,
como foi a entrada de Israel em Canaã e como alguns dos antigos habitantes foram
preservados e acabaram integrando e influenciando a nação descrita no livro
seguinte, o livro de Juízes. Em Juízes, Israel era uma nação “globalizada”.
Haviam traços culturais de muitos povos, haviam vários grupos cuidando de seu
interesse particular. Mas não havia direção, cada um fazia o que achava mais
reto.
Jovem, você
deve se perguntar: esse é o melhor jeito de se viver? Você quer viver assim? Sem
ideal? Sem direção? A história do livro de Juízes é uma sucessão de crises, de
sofrimento, de instabilidade. Mas Deus queria uma história diferente para Seu
povo. Deus quer uma história diferente para você. A efervescência cultural da
época dos Juízes fez com que o povo se esquecesse do Senhor e, por várias vezes,
O substituísse. Mas Ele nunca os deixou. E não importa quão ocupados,
distraídos, desanimados, oprimidos ou ansiosos possamos estar. Deus cuida de
nós! Ele está agora mesmo “movendo alguns pauzinhos”, arranjando todas as coisas
para nos fazer convergir a Ele (Ef 1:9-10). Essa é a direção que Ele quer para
nós, é a nossa nova história.
Uma lei
diferente
O que poucos
sabem é que, no meio da situação descrita no livro de Juízes foi escrito o livro
de Rute. Rute, uma moabita, havia se casado com um israelita, um emigrante que
fugia da fome em Israel. Após tornarem-se viúvas, Rute e sua cunhada Orfa
resolveram acompanhar sua sogra, Noemi, que voltava para Israel. Orfa,
convencida por Noemi, voltou atrás, para viver com seu povo. Mas Rute não foi
persuadida a voltar. Pelo contrário, ela respondeu: “aonde quer que fores, irei
eu e, onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu
Deus é o meu Deus” (Rt 1:16). Nesse ponto, a história de Rute e a história de
Deus passaram a convergir.
Já em Belém,
Rute e Noemi, empobrecidas, buscavam uma forma de suster-se. Por isso Rute foi
ao campo, para recolher o que os segadores deixavam para trás. Há uma figura
maravilhosa do cuidado de Deus aqui. Quando o povo ainda estava no deserto,
comendo do maná e sendo totalmente suprido por Deus, receberam a seguinte lei:
“Quando também segares a messe da tua terra, o canto do teu campo não segarás
totalmente, nem as espigas caídas colherás da tua messe. Não rebuscarás a tua
vinha, nem colherás os bagos caídos da tua vinha; deixá-los-ás ao pobre e ao
estrangeiro. Eu sou o SENHOR, vosso Deus” (Lv 19:9-10). Rute havia escolhido ao
Senhor. E o Senhor já havia escolhido e cuidava de Rute. Mesmo centenas de anos
antes de ela saber disso. Aquela lei, escrita em Levítico, foi dada para que
Rute e Noemi tivessem algum sustento. Deus as sustentava.
Jovem, o
Senhor te escolheu antes da fundação do mundo. Você pode não entender a razão de
várias situações em sua vida. Mas tenha certeza disso: Deus cuida de você. Ele
está cuidando de tudo, há muito tempo. Há pelo menos dois mil anos atrás Ele
providenciou uma lei com o fim de nos suprir. A lei do Espírito e da vida, que
nos livra da lei do pecado e da morte (Rm 8:2). Essa lei foi promulgada para que
tenhamos liberdade de viver com Deus. Podemos viver no Espírito e desfrutar vida
e paz (Rm 8:4-6). Agora, temos outra constituição, podemos viver de maneira
diferente, “como livres que sois, não usando, todavia, a liberdade por pretexto
da malícia, mas vivendo como servos de Deus” (1 Pe 2:16).
Um lugar
diferente
Nossa
história com Deus não tem apenas um desenrolar feliz. O final, a exemplo da
história de Rute, também é muito feliz. Boaz, parente de Noemi, observou o que
Rute fazia por sua sogra. Ele insistiu que ela continuasse a rebuscar espigas em
seus campos. Ele também ordenou aos servos que deixassem boas espigas para trás,
para que Rute pudesse colher (Rt 2:15-16). Boaz foi generoso. Aliás, o campo de
Boaz era um lugar diferente. No livro de Juízes não há muitos indícios de que o
povo mantivesse recordação de Deus, ou que tivesse intimidade com Ele. Mas o
campo de Boaz era uma esfera de bênção, de generosidade, de amizade. Até os
rapazes falavam acerca de Deus com ternura. Diziam: “O Senhor te abençoe”. Dizer
“Deus te abençoe” pode ser algo impessoal, mas eles usavam o título “o Senhor”,
por que tinham intimidade com Ele.
Por fim, Boaz
se tornou o resgatador de Rute, isto é, usou das prerrogativas de parente e
casou-se com ela, para dar-lhe amparo. Havia outro parente mais próximo, mas
este não quis pagar o preço por Rute (Rt 4:6). Há muitas pessoas que nos cercam,
a quem dedicamos atenção, mas não estão dispostas a pagar o preço que o Senhor
pagou por nós. O final do livro de Rute nos mostra que “Salmom gerou a Boaz,
Boaz gerou a Obede, Obede gerou a Jessé, e Jessé gerou a Davi” (Rt 4:21-22). O
rei Davi, em seu tempo, foi um homem segundo o coração de Deus, que pastoreou o
povo de Deus e os conduziu a amar o Senhor. O livro de Mateus, escrito quase
1500 anos depois, inicia dizendo: “Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de
Davi, filho de Abraão”. E foi assim que a história de Rute se tornou parte da
história de Deus.
Jovem, a
igreja é um lugar diferente. Aqui Deus quer dar-nos amparo. A igreja não é um
lugar de cobrança ou restrição. A igreja é um campo de bênção, generosidade,
amizade, fraternidade e amor. O Senhor quer nos resgatar, mudar nossa história.
Ele quer nos tirar do ambiente de confusão, de isolamento, para um lugar onde a
vida é gerada e pode crescer. O Senhor nos ama. Ele deseja guardar-nos em Sua
presença, em comunhão com Ele. É na igreja que temos aqueles que nos ajudam a
rebuscar espigas, aqueles que têm intimidade com o Senhor e conseguem encontrar
suprimento abundante na Palavra. Na igreja temos uma lei diferente, a lei do
Espírito, que nos conduz a viver em Deus.
A igreja é
também o ambiente podemos gerar pessoas para Deus. Nos últimos 5 versículos do
livro de Rute o verbo “gerou” aparece pelo menos 9 vezes. Quando nossa história
muda, quando vivemos pela lei do Espírito, quando permanecemos na vida normal da
igreja, muitos serão pastoreados, conduzidos a Deus. Jovem, é tempo de cuidar de
alguém. Leve outros jovens a conhecerem o Senhor, a terem sua história mudada.
Cuide dos outros jovens da igreja. Seja a continuação da história de Deus na sua
cidade. O resultado final de nossa história com Deus é o estabelecimento do Seu
reino. “Ele reinará pelos séculos dos séculos”, “se perseveramos, também com Ele
reinaremos” (Ap 11:15; 2 Tm 2:12). Fonte Rádio árvore da vida
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